Simpósio Gilead: Sacituzumab govitecano no cancro da mama metastático

A oncologista médica do IPO Coimbra, Dr.ª Sofia Broco, e a enfermeira do Hospital de Dia do IPO Porto, Marisa Rafael, estiveram na AEOP17 a falar sobre o tratamento do cancro da mama metastático com o anticorpo conjugado sacituzumab govitecano (SG), no âmbito de um simpósio promovido pela Gilead.

O SG foi aprovado pela EMA em novembro de 2021 no cancro da mama triplo-negativo irressecável ou metastático, em doentes que receberam duas ou mais terapêuticas sistémicas anteriores, incluindo, pelo menos, uma delas para doença avançada. Em julho de 2023, o fármaco foi aprovado pela EMA no cancro da mama HR+, HER2- irressecável ou metastático, em doentes que receberam anteriormente terapêutica endócrina e, pelo menos, duas terapêuticas sistémicas adicionais em contexto avançado.

A evidência sobre a eficácia do SG no cancro da mama triplo negativo metastático recidivante e/ou refratário está plasmada nos resultados do ASCENT, um estudo de fase III em que o SG demonstrou um benefício significativo em termos de sobrevida global e sobrevida livre de progressão quando comparado com quimioterapia na população geral dos doentes abrangidos (com e sem metástases cerebrais).

No mesmo estudo, as taxas globais de resposta foram significativamente mais elevadas nos doentes tratados com SG, com tempo de resposta prolongado até à primeira deterioração clínica significativa no domínio da qualidade de vida relacionada com a saúde.

De salientar que numa análise dos PROs no estudo ASCENT, o tratamento com SG, em comparação com quimioterapia à escolha do investigador, resultou em melhorias clinicamente e/ou estatisticamente significativas nos cinco domínios primários de HRQoL: estado de saúde global/qualidade de vida, desempenho físico, atividades de vida diária, fadiga e dor.

A experiência de administração do SG no Hospital de Dia no IPO do Porto foi partilhada nesta sessão por Marisa Rafael, com especial destaque para os critérios e logística de administração e para a gestão da toxicidade/eventos adversos.

“No final de 2020, o IPO do Porto implementou o Gabinete da Qualidade de Vida com o objetivo de conhecer as alterações sentidas durante o processo de doença e tratamento dos doentes, não só ao nível físico, como também emocional e social”, concluiu a enfermeira, salientando que, com vista ao empoderamento do doente neste contexto da administração da terapêutica, “é muito importante perceber o que cada doente sente, quais as suas preocupações e o que valoriza”.