I&D em Oncologia: Recomendações e documentos orientadores

Na Sessão Educacional III da AEOP17 – moderada por Sandra Ponte (ULS Lisboa Ocidental) e Inês Claro (ULS Algarve) – foram apresentados três projetos que configuram inovação em enfermagem oncológica, sob a forma de recomendações, documentos e guias orientadores da prática em áreas específicas como instilações vesicais, administração de terapêuticas antineoplásicas sistémicas e apoio a doentes sobreviventes.

Colmatar as parcas orientações nacionais para a prática clínica dos cuidados de enfermagem nas instilações intravesicais e uniformização de práticas vigentes, com criação de um protocolo padronizado, fidedigno e baseado na evidência científica foram os objetivos principais no desenvolvimento das Recomendações de Boas Práticas de Enfermagem nas Instilações Intravesicais (adaptação das guidelines da Associação Europeia de Enfermeiros Urologistas – EAUN).

De acordo com Vânia Ribeiro, da ULS Gaia/Espinho – que apresentou este projeto na Figueira da Foz –, as temáticas deste documento contemplam indicações para instilações intravesicais, esquemas de tratamento, normas de segurança, princípios pré-instilação, educação do doente, complicações e efeitos secundários, entre outros. A enfermeira terminou a sua apresentação, lançando aos colegas duas questões para reflexão futura: “Como aplicar as recomendações nos nossos contextos? Que estratégias para a sua implementação?”.

Por sua vez, Elisabete Valério, do IPO Porto, partilhou um guia de recomendações para administração de terapêuticas antineoplásicas sistémicas (TANPS) que se constitui como uma ferramenta para apoiar os enfermeiros no processo de tomada de decisão, tendo sido construído no sentido de contribuir para uma prática de cuidados de enfermagem mais segura.

“A informação contida no mesmo resultou da consulta dos referenciais e guidelines orientadores da prática dos cuidados, existentes à data”, explicou a enfermeira, adiantando que “além de definir os conceitos centrais afetos à administração de TANPS, assim como as modalidades de tratamento, as vias de administração e os efeitos secundários mais comuns, este guia integra recomendações, no contexto daquelas que devem ser as competências do enfermeiro oncologista na administração de TANPS”.

No entender de Elisabete Valério, “este documento poderá contribuir, igualmente, para estabelecer critérios de segurança e medidas de proteção para os enfermeiros oncologistas na administração de TANPS, capacitando-os para a biossegurança, e para otimizar o funcionamento das unidades de saúde”.

O que se pretende, concluiu, é que este documento “seja agregador do conhecimento atual disponível”, ainda que “a constante evolução do estado da arte (o nível mais alto e atual de conhecimento) na área de oncologia pressuponha atualizações futuras”.

Os doentes sobreviventes de cancro são o foco do projeto apresentado por Carina Raposo (ULS Santo António), consubstanciado num documento de apoio para estas “pessoas transformadas” que configuram uma “oportunidade de intervenção a explorar”.

Alinhado com os pilares estratégicos na Estratégia Nacional de Luta contra o Cancro para o horizonte a 2030, este documento visa melhorar a formação dos enfermeiros no âmbito do sobrevivente; definir/evidenciar o papel/competências do enfermeiro vs. sobrevivente; estruturar o acompanhamento/intervenções de enfermagem vs. sobrevivente; evidenciar os ganhos em saúde da intervenção de enfermagem vs. sobrevivente; otimizar literacia em saúde dirigida ao sobrevivente (selfmanagement/ selfeficacy); o empoderamento do sobrevivente e o envolvimento da família e da sociedade.