“Experiência de prestar atenção propositadamente ao momento presente, não reativo, sem julgamento, com equilíbrio emocional e abertura”. Assim se define mindfulness, uma prática que promove compaixão e empatia – qualidades fundamentais para a prática de enfermagem, segundo Patrícia Martins, da ULS Arco Ribeirinho.
A enfermeira foi a convidada de uma sessão especial que decorreu no último dia da AEOP17, onde partilhou estratégias contra o burnout na profissão e dicas de autocuidado, tendo realizado alguns exercícios de respiração e mindfulness com os colegas na audiência.
De acordo com Patrícia Martins, “ao praticar a autocompaixão, os enfermeiros aprendem a ser gentis e compreensivos consigo mesmos, até quando enfrentam desafios ou erros”. Esta autocompaixão, acrescentou, “estende-se naturalmente aos pacientes, à medida que os enfermeiros ficam mais sintonizados com as suas emoções e necessidades. Essa empatia intensificada pode melhorar significativamente a experiência do paciente, fazendo-o sentir-se compreendido, cuidado e respeitado”.
A enfermeira salientou que “o mindfulness envolve aprender a dirigir a atenção para o que estamos a experienciar, à medida que essa experiência vai decorrendo, momento a momento, com mente aberta, curiosidade e aceitação”. Aplicada ao contexto da saúde, mais concretamente da oncologia, “o momento presente leva-nos para o lugar da promoção da esperança – o lugar para onde temos que tentar trazer os doentes”.
A prática de mindfulness em saúde configura inúmeros benefícios:
- Reduz o stress e aumenta a ativação de regiões cerebrais ligadas à regulação do humor e ao controlo da atenção;
- Melhora a ativação do córtex, um centro de atenção executivo;
- Fortalece as redes neuronais, cultivando a autoconsciência, a regulação emocional e as respostas adaptativas ao stress.
- Fortalece a conexão mente-corpo, permitindo que os indivíduos autorregulam efetivamente os sintomas de dor, ansiedade, depressão e stress.
“A atenção plena visa libertar o eu do sofrimento físico e psicológico, ao mesmo tempo que cultiva as habilidades necessárias para gerenciar situações de stress. A atenção plena não é uma solução rápida, mas uma intervenção de longo prazo que requer prática dedicada e um modo de vida intencional”, concluiu Patrícia Martins.
Fisiologia do mindfulness
- Redução dos níveis de ACHT produzidos durante eventos de stress.
- O ACTH controla a produção de cortisol.
- Menos cortisol é produzido, diminuindo a resposta fisiológica ao stress.
- Melhoria da qualidade do sono;
- Impacto na resposta imunológica, processos inflamatórios e na estrutura do tecido cerebral.