A importância de uma intervenção nutricional precoce no doente oncológico é suportada por evidência robusta que mostra que 50% das pessoas com cancro já se encontram malnutridas ou em risco de malnutrição no momento do diagnóstico e que a malnutrição tem impacto nos outcomes clínicos, aumentando a toxicidade do tratamento, bem como o risco de interrupção do tratamento, e diminuindo a sobrevida.
De acordo com a diretora médica da Nutricia, Marta Costa, “o aconselhamento nutricional, com fortificação alimentar e gestão dos sintomas com impacto nutricional, deverá ser a primeira linha de intervenção no doente malnutrido”. No entanto, adiantou, “poderá ser necessário recorrer a suplementos nutricionais orais (SNO) com alto teor energético e proteico para ajudar a fazer face às necessidades nutricionais aumentadas durante o período da doença”, isto é, “sempre que a ingestão alimentar por si não seja suficiente”, sendo estes recomendados nas guidelines das principais sociedades europeias de nutrição (ESPEN) e oncologia (ESMO).
Neste sentido, a moderadora do simpósio Danone Nutricia na AEOP17 apontou o Fortimel Compact Protein como um “aliado” nesta intervenção. É um SNO de baixo volume e com alto teor energético e proteico (300 Kcal e 18 gramas de proteína por garrafa) que apresenta uma grande variedade de sabores (8 no total, 5 standard e 3 sensoriais), por forma a permitir uma maior diversificação e evitar o enfastio ao sabor, potenciando assim uma maior adesão.
Ainda segundo a médica, “o suporte nutricional à pessoa com cancro deverá ser encarado como uma abordagem multimodal e multidisciplinar, em que as responsabilidades são partilhadas”. Esta proposta de abordagem multimodal é descrita nas guidelines da ESMO, em que vários profissionais de saúde contribuem em diferentes etapas do suporte nutricional – desde a identificação do risco, à codificação do diagnóstico, à gestão de sintomas com impacto nutricional ou à intervenção nutricional em si. “Mediante cada etapa, outros profissionais além do nutricionista, como por exemplo o médico oncologista ou o enfermeiro, poderão ter um papel fundamental. Todas estas abordagens deverão sempre ser centradas na pessoa com cancro, nunca esquecendo o papel fundamental dos cuidadores e familiares”, sustentou.
Na ULS Alentejo Central, este protocolo de abordagem multidisciplinar no suporte nutricional à pessoa com cancro está a ser implementado com o apoio da Nutricia, apesar de todos os desafios que surgem na prática e de que a nutricionista da instituição, Vera Costa, deu conta. “Os doentes chegam à consulta com muitos mitos e medos. Em primeiro lugar é preciso trabalhar esses preconceitos, preocupações e expetativas. Depois, temos que estabelecer uma estratégica concertada e multidisciplinar, o mais próximo de um plano personalizado possível, de forma a impactar e otimizar os outcomes clínicos”, referiu a profissional.
Por sua vez, a oncologista médica da ULS Alentejo Central, Mariana Inácio, descreveu a abordagem nutricional que tem sido feita até agora como uma prática/intervenção “muito empírica”. Com este protocolo, podemos pelo menos orientar para uma consulta de nutrição. Uma ideia corroborada pela enfermeira da mesma ULS, Sofia Pedro, que, destacando o papel central do enfermeiro na identificação precoce dos sinais de desnutrição, enfatizou o facto de só através destes programas protocolados os profissionais conseguirem aceder a ferramentas que permitem uma avaliação objetiva do risco nutricional do doente.