Sessão de abertura: Contributo da enfermagem para evolução da oncologia é inegável!

Já estão a decorrer, na Figueira da Foz, a 17.ª Conferência Nacional de Enfermagem Oncológica e a III Conferência Internacional de Enfermagem Oncológica.

O arranque oficial dos eventos conjuntos foi feito pela presidente da AEOP, Ana Paula Amorim, lembrando que em vésperas de atingir a maioridade, a reunião anual da AEOP é já “um marco na enfermagem oncológica em Portugal”.

De acordo com a enfermeira oncologista, a AEOP tem sido um pivot privilegiado na divulgação do conhecimento científico e, consequentemente, no contributo para o desenvolvimento da enfermagem e para a adoção e disseminação de boas práticas em Oncologia.

“Juntos, podemos reforçar ainda mais a nossa capacidade profissional e continuar a desenvolver os padrões de qualidade da enfermagem oncológica”, concluiu, procurando galvanizar os colegas para a participação ativa na esfera associativa, além do empenho na esfera assistencial.

Para João Moreira, enfermeiro diretor do IPO de Coimbra, “o momento é o de congratular a AEOP pelo inegável crescimento e melhoria da qualidade logística e científica das suas reuniões, bem como o de reconhecer e elogiar a importância do trabalho realizado nos últimos anos pelos enfermeiros oncologistas”. Na cerimónia de abertura da AEOP17, o enfermeiro oncologista lembrou que “os avanços na área oncológica têm sido notáveis e o contributo dos enfermeiros tem sido vital para essa evolução”. Para que os enfermeiros consigam continuar a responder à complexidade dos desafios decorrentes do cuidar em oncologia, estes profissionais devem investir na sua capacidade de empatia, nas suas habilitações comunicacionais e competências relacionais, a par da atualização contínua das suas competências técnicas, defendeu.

Por sua vez, a enfermeira diretora da ULS de Coimbra, Áurea Andrade, alertou para importância do autocuidado e bem-estar dos enfermeiros, lembrando que os enfermeiros oncologistas enfrentam diariamente situações emocionalmente desafiadoras e que a prevalência de burnout na classe não pode ser escamoteada.

No âmbito da evolução contínua da enfermagem oncológica, “uma das perspetivas mais importantes é a personalização da terapêutica, com os avanços na genética e na medicina de precisão”, referiu, notando que “a especialização dos enfermeiros nestas áreas faz deles profissionais altamente especializados”. Áurea Andrade concluiu com uma mensagem otimista para o futuro: “As perspetivas da oncologia na vertente dos enfermeiros e enfermeiras são promissoras e estes podem fazer a diferença na vida das pessoas que enfrentam uma doença oncológica”.

Também o bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Luís Barreira, marcou presença na cerimónia de abertura da AEOP17, com uma intervenção marcada por um discurso de ação.

“Não é possível perpetuar a narrativa de que é possível fazer mais com os recursos que temos. Os profissionais estão cansados e os números assustam”, frisou o responsável, apontando a carência de recursos humanos como um problema grave, particularmente na área da Oncologia, onde se torna ainda mais premente.

A este respeito, o bastonário da OE disse já ter apresentado à nova equipa ministerial as propostas da Ordem para a resolução deste problema, onde se incluem duas das grandes bandeiras do seu mandato: a revisão da grelha salarial e carreira de enfermagem e o reconhecimento da enfermagem como profissão de desgaste rápido.

“São precisos mais profissionais, mas também profissionais mais motivados. É tempo de sermos ousados e de termos coragem”, instigou.