PREs: Que contributo para a otimização dos cuidados ao doente oncológico?

Na Sessão Educacional II da AEOP17 – moderada por Cristina Santos e Joaquina Rosado, enfermeiras oncologistas da ULS Coimbra e da ULS Alto Alentejo, respetivamente – as apresentações focaram a importância crescente dos Patient-Reported Experiences (PREs) no contexto da evidência que suporta as boas práticas na prestação de cuidados de enfermagem ao doente oncológico.

É inegável que só com a inclusão de indicadores como os PROs e os PREs, a prestação de cuidados de saúde pode ter verdadeiramente o doente no seu centro. Neste sentido, a investigadora da ESSE Coimbra, Filipa Ventura, apresentou os resultados de um estudo que teve como objetivo principal promover a implementação da melhor evidência disponível sobre a adoção da telessaúde no contexto de oncologia ambulatória. A investigação procurou ainda determinar a conformidade da prática atual com os critérios baseados na evidência; desenvolver e implementar estratégias para melhorar os domínios de não-conformidade; identificar barreiras e facilitadores para alcançar a conformidade com os critérios de boas práticas; avaliar a aceitação e a prontidão para a adoção da telessaúde pelos atores relevantes.

Numa síntese interpretativa dos resultados, Filipa Ventura salientou que a telessaúde é bem aceite, sendo sinónimo de presença à distância, confiança e compaixão. Porém, destacou, “é necessário que o processo de utilização (condições, circunstâncias, preferências e valores, tanto do clínico, como do doente) seja negociado”.

À guisa de conclusão, a investigadora sublinhou a importância de esclarecer o papel da telessaúde enquanto ato clínico, na educação para processos e ferramentas e institucional/social.

O racional para a criação de uma consulta de follow up em cuidados intensivos foi explicado na Figueira da Foz pelo enfermeiro Sérgio Sousa, do IPO Porto. Com base no modelo desenvolvido na sua instituição, o palestrante apontou como objetivos gerais deste tipo de consulta a avaliação do impacto do internamento em cuidados intensivos na qualidade de vida do doente oncológico e o contributo para a melhoria da qualidade dos cuidados ao doente internado no serviço de medicina intensiva, diminuindo a incidência e prevalência da SPICI e das comorbilidades associadas a este internamento.

Para cada objetivo específico, há uma ferramenta de avaliação específica. No dia a dia, esta consulta consiste essencialmente na referenciação para as diversas especialidades (nutrição, MFR, psiquiatria, entre outras), esclarecimento de dúvidas relacionadas com a doença e tratamentos, apoio ao doente e família e aconselhamento sobre a terapêutica.

Ainda nesta sessão, Mafalda Ferreira, enfermeira do IPO de Lisboa partilhou os resultados de um estudo quantitativo descritivo que avaliou o impacto atual da neurofibromatose (NF1) na qualidade de vida de idosos, seguidos na consulta de neurofibromatose da instituição.

Os resultados desta investigação permitem concluir pela importância da realização de mais estudos científicos na população adulta, uma vez que neste contexto estes têm maior incidência na idade pediátrica. A palestrante ressalvou, ainda, que “a avaliação da qualidade de vida em pessoas com 65 ou mais anos é fundamental, considerando o impacto que a NF1 pode representar para esta população em específico; a NF1 pode ter implicações únicas e com grande variabilidade na idade mais avançada, o que sublinha a necessidade de uma avaliação compreensiva sobre esta população”.

A terminar, Mafalda Ferreira frisou que “o conhecimento acerca da vivência desta população com a NF1, potenciais sintomas e complicações associados é importante para a prestação de cuidados individualizados e em equipa multidisciplinar”.