As estratégias e os desafios na abordagem da ostomia respiratória no âmbito da consulta hospitalar e dos cuidados de saúde primários (CSP), mas também do ponto de vista do doente, estiveram em discussão na terceira sessão plenária da AEOP17, moderada pelos enfermeiros Pedro Cardoso, do IPO de Coimbra, e Ivo Paiva, da ESSE de Coimbra.
O estabelecimento de uma relação terapêutica eficaz e o envolvimento do doente/família no seu processo de transição são estratégias essenciais para uma transição segura dos doentes com ostomia respiratória para a comunidade. Quem o diz é a enfermeira Sandra Reis, da ULS Gaia/Espinho, que a este respeito acrescenta: “o enfermeiro estomaterapeuta não trata ninguém, o que faz é uma educação/ensino para o autocuidado e gestão de potenciais complicações”.
O grande desafio nesta transição reside, no entender da palestrante, não tanto nos aspetos técnicos do cuidado a estes doentes, mas antes na articulação entre os diferentes níveis de cuidados. “A SPMS tem que trabalhar os canais de informação/comunicação/referenciação, para conseguirmos ter uma via de contacto oficial e não oficiosa”, frisou. A comunicação intra-hospitalar também é um desafio, reconheceu.
No que diz respeito à articulação entre hospitais e CSP, Sofia Sousa, enfermeira do Centro de Saúde da Marinha Grande, aproveitou a ocasião para pedir aos colegas hospitalares que “escrevam tudo, de forma objetiva e clara, mesmo o que vos parece mais óbvio” nas cartas de referenciação. Por ter formação em estomaterapia, esta profissional é o elo de ligação/formação nos centros de saúde da sua região. Na prática, mais do que o suporte técnico, é o suporte emocional ao doente que se revela especialmente desafiante”, sublinhou Sofia Sousa, consciente de que é precisamente aí que o enfermeiro de família pode fazer a diferença.
Submetida a uma laringectomia total em setembro de 2020, Fátima Sena e Silva participou nesta sessão plenária com o seu testemunho de pessoa com ostomia respiratória, ressalvando que o facto de ser “um caso de sucesso” se deve ao enorme apoio que teve da parte da equipa de saúde e da sua família ao longo de todo o processo.
Perder a voz, recordou, foi como perder a sua identidade. Manter-se ativa foi o “antídoto” para muita da ansiedade que sentia nos primeiros tempos pós-ostomia. Atualmente, é seguida em consulta hospitalar externa, onde encontra toda a informação e apoio de que necessita para gerir os seus cuidados diários.