Com moderação de Cristina Ferreira, do IPO de Coimbra, e de Joana Costa, da ULS de Santo António, a Sessão Plenária II da AEOP17 contou com a participação de Ana Lopes, enfermeira do IPO do Porto e membro do Grupo de Trabalho de Cuidados de Suporte e Paliativos da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa, e de Ana Ferreira, assistente social do IPO do Porto.
Ainda que não seja óbvio, o enfermeiro tem um papel na resolução dos problemas de cariz social que uma grande parte dos doentes oncológicos atravessam, assim como uma palavra a dizer no apoio, informação e empoderamento no que respeita aos direitos destes doentes.
Partindo da evidência de que o sofrimento psicossocial reduz a adesão ao tratamento, causa problemas na tomada de decisão terapêutica e aumenta os problemas de gestão da doença, o debate centrou-se nas condicionantes da vida social na pessoa com doença oncológica, na referenciação para o apoio social e na colaboração multidisciplinar entre enfermeiro e assistente social.
A este respeito, Ana Lopes salientou que “o impacto do stress, a falta de redes de apoio e o baixo estatuto socioeconómico sobre os resultados do cancro estão bem caracterizados, mas estes dados geralmente não são recolhidos sistematicamente na clínica ou em contextos de ensaio clínico”. Neste sentido, a enfermeira sustentou que “a recolha destes dados facilitaria o apoio direcionado para utentes com cancro durante a sua jornada oncológica”. De acordo com a palestrante, “medir e intervir sobre as determinantes sociais em saúde é um pré-requisito fundamental para alcançar a igualdade no acesso à saúde”.
No âmbito da referenciação, Ana Lopes questionou os colegas na audiência sobre o seu conhecimento acerca da possibilidade de serem os enfermeiros a referenciar os doentes aos serviços de apoio social. E deixou mais algumas questões para reflexão: “Conhecem os critérios de referenciação? Será sempre necessário referenciar? Não deveríamos possuir alguns conhecimentos que nos permitissem dar resposta imediata?”.
Em jeito de conclusão, a enfermeira do IPO do Porto frisou que “a integração da assistência social com a assistência clínica é vital para melhorar a prestação de cuidados e os resultados clínicos para os doentes oncológicos”. Existem desafios bem documentados na medição e intervenção nas determinantes sociais em saúde, “mas é imperativo que os profissionais de oncologia os superem para fazer avanços significativos no cuidado de todo o paciente”, adiantou.
Partindo de três casos práticos, Ana Ferreira partilhou a sua perspetiva de assistente social, procurando orientar os enfermeiros no sentido de ajudarem os doentes oncológicos a resolverem questões da esfera socioprofissional e legal (para a qual, reconhece, recorre sempre ao serviço de apoio jurídico) e a reclamarem os seus direitos.