O Prof. Allen Gomes foi o conferencista convidado da Meet the Expert I, uma sessão dedicada aos afetos e sexualidade no doente oncológico que deu o pontapé de saída nos trabalhos do segundo dia da AEOP17.
“O diagnóstico de cancro provoca uma montanha-russa de sentimentos no doente e a tendência generalizada, perante uma doença tão ‘séria’, é deixar para segundo plano aspetos como os afetos e a sexualidade. Mas, estes não podem ser negligenciados, nem pelos doentes, nem pelos profissionais de saúde, mas antes priorizados, na medida em que são uma componente-chave da vida”, começou por afirmar Cristina Santos, enfermeira oncologista e membro da direção da AEOP, a quem coube moderar a sessão.
De acordo com o Prof. Allen Gomes, o impacto do cancro na sexualidade e na afetividade é inevitável e passa, desde logo, por esta “dessexualização do doente” que, conforme explicou, tem duas componentes: do doente, através de problemas de autoimagem e autoestima; da entourage do doente (pessoal de saúde, familiares e, sobretudo, dos parceiros sexuais).
No entender do psiquiatra, é fundamental ter sempre presente que sexualidade e afetividade são vivências, sensações e emoções que só enriquecem quando entrelaçadas uma na outra. Neste sentido, o Prof. Allen Gomes salientou a necessidade de os doentes com cancro receberem a informação sexual adequada para lidar com os eventuais problemas causados pela doença, bem como a imprescindibilidade de as equipas terapêuticas – onde o enfermeiro tem um papel central – terem disponibilidade e formação para abordar/reabilitar a sexualidade dos doentes afetados.
Na abordagem da pessoa com cancro, “todos nós, e não só o pessoal de saúde, devemos ter sempre presente que o mais importante no contacto com o doente, é saber escutar”, concluiu o expecialista.
Algumas linhas de orientação – para @ doente:
- Falar abertamente com @ parceir@ sobre os receios que antecipam o retomar da atividade sexual.
- Transmitir ao parceir@ o que sente – quando se achar em condições para ter sexo, o ritmo e a intensidade que prefere.
- Ter atenção aos sentimentos d@ parceir@ e aos receios que possa ter em poder fazer-lhe mal.
- Programar! O que se pode perder em espontaneidade, ganha-se em confiança.
- Ir devagarinho. Um passo de cada vez. Aumenta a segurança e pode ser pedagógico.
- É preciso ser paciente. Tudo melhorará com o tempo e… com a prática.
Algumas linhas de orientação – para @ parceir@:
- Vão ser tempos difíceis para os dois. É muito doloroso ver alguém que se ama passar por um cancro.
- Tente passar algum tempo sozinh@ com el@. Façam coisas que gostem. Distraiam-se, para que o cancro não esteja sempre no vosso pensamento.
- Apesar das alterações físicas e emocionais, @ seu parceir@ precisa de saber e sentir que @ ama e que @ acha atraente. Se houver grandes alterações físicas valorize outras qualidades: sentido de humor, inteligência e personalidade.
- Dê-lhe tempo e espaço para recuperar e ganhar confiança.
- Tente que el@ lhe transmita o que lhe dá mais prazer e o que @ magoa. Isto é que é partilhar a intimidade.