O hospital de dia enquanto modelo de prestação de cuidados de saúde ao doente oncológico mereceu destaque na primeira sessão plenária da AEOP17 – moderada por Filipa Ventura, da ESSE de Coimbra, e por Susana Gonçalves, do IPO do Porto – onde se debateram as boas práticas e os desafios neste contexto, com foco na terapêutica antineoplásica e tendo por base a apresentação de três serviços de oncologia ambulatória nacionais.
Ana Afonso, do Hospital de Dia de Oncologia da ULS Algarve – Unidade de Portimão partilhou os principais desafios, mas também as oportunidades do modelo de cuidado de enfermagem em hospital de dia. “A incidência crescente do cancro aumenta a necessidade de resposta dos serviços de ambulatório, podendo levar à sobrecarga de trabalho”, frisou a enfermeira oncologista, acrescentando, ainda, como desafios, a garantia do acesso e equidade aos cuidados oncológicos e a monitorização e gestão dos eventos adversos. Como oportunidades, Ana Afonso destacou a formação contínua e a contratação de mais profissionais, bem como o desenvolvimento de programas de tele-saúde e a aproximação à comunidade.
Num futuro próximo, o Hospital de Dia de Oncologia da ULS Algarve – Unidade de Portimão visa implementar o Processo de Enfermagem, ser um elo de ligação com os cuidados paliativos, participar nas Comissões de Diagnóstico e Terapêutica, entre outros objetivos.
No Hospital de Dia de Oncologia do Hospital Gaia/Espinho, cuja forma de organização foi partilhada na Figueira da Foz por Mónica Monteiro, a consulta de adesão à terapêutica oral é uma das valências disponíveis, tendo sido criada depois de identificada na prática esta necessidade. Ainda que com um modelo já bastante estruturado, há oportunidades de melhoria que não devem ser escamoteadas, sublinhou a enfermeira oncologista. Desde logo, a otimização dos recursos humanos, o desenvolvimento de um modelo de enfermeiro de referência, o crescimento em termos de espaços físicos que garantam a confidencialidade dos doentes e a evolução de um modelo ainda muito assente na medicina convencional para um modelo que contemple terapias integrativas, o que, salientou a palestrante, implica formação na área.
As limitações ao nível do espaço físico (questões relacionadas com a privacidade e o ruído) e dos recursos humanos são transversais ao Hospital de Dia do IPO de Coimbra, referiu Helena Domingues. De acordo com a enfermeira oncologista daquela instituição, também a subnotificação de eventos adversos, a formação contínua e a inovação configuram desafios a ultrapassar neste contexto.
Consciente de que as práticas atuais nem sempre refletem as boas práticas recomendadas, a palestrante deixou algumas sugestões de melhoria que englobam o desenvolvimento e aplicação de indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem e à oncologia de ambulatório, bem como a uniformização, sistematização e atualização do padrão de documentação.
Apesar dos muitos desafios, não restam dúvidas de que o modelo de hospital de dia encerram um conjunto de vantagens e oportunidades, quer para os profissionais de saúde/enfermeiros, quer para a jornada do doente oncológico.